"O maior perigo em tempos de turbulência não é a turbulência; é agir com a lógica de ontem".
Peter Drucker, 'Managing inTurbulent Times' (1980).
As Startups precisam de recursos, a Indústria precisa de mudanças, é aqui o potencial e vantagens da aproximação entre as Startups e a Industria.
A Tecnologia é o driver da mudança na Indústria. Como resultado da aplicação simultânea das novas tecnologias nas fábricas: IoT, Big Data, Inteligencia Artificial, Realidade Aumentada, Robótica Colaborativa, Impressão 3D entre outras, cresce o potencial transformacional e exponencial da tecnologia assim como abre novas oportunidades e exigências para o sector industrial.
A inovação é hoje uma necessidade competitiva e de sobrevivência para as empresas do mundo moderno, que está muito dinâmico.
Para sobreviver e tornar-se significativa, a empresa precisa foco, flexibilidade, agilidade para se adaptar e se reinventar continuamente. Novas oportunidades e novas exigências; adoção de novas formas de trabalho, mudança cultural nas pessoas, na organização, novos modelos de negócio e até novos papéis no mercado.
Startup: Organização a procura de modelo de negócio repetível e escalável
que trabalha num ambiente de extrema incerteza
O Ecossistema Tecnológico e de Inovação em Angola está na fase inicial de desenvolvimento, é possível identificar os principais agentes , o papel e contribuição de cada um em prol do empreendedorismo e inovação: Startups, Ecosystem builders (Startups Accelerators & Incubators, Coworking, Startup Studios, Tech Labs, Training Centres ) , Support & Sponsors, Banca, Investidores e Empresas tecnológicas, Empresas de Formação, Academia/Universidades, Instituições e Programas de apoio ao Empreendedorismo, Organizadores de Eventos, Media, entre outros.
Angola é um país de população jovem, com grande apetência e potencial para empreender, criar novos negócios, criar impacto e riqueza para a comunidade.
Match Startups – Industria: Do lado da Industria, fazer inovação é caro e demorado.
Do lado Startups, acessar grandes mercados é complicado
As fábricas estão obrigadas a evoluir para novos modelos de inovação e de negócios, adaptando-se ao ambiente de grande incerteza, volatilidade, complexidade e mudança acelerada. É aqui que a aproximação entre os Ecossistemas de Startups e da Industria se faz possível; as Startups estão habituadas a conviver e desenvolver-se no ambiente de extrema incerteza e alto risco, mindset e cultura de inovação. A Industria conhece e domina o ambiente no “chão da fábrica”.
O principal motor para o sector tecnológico nos países em desenvolvimento é o desejo de superar os desafios de desenvolvimento a nível local e criar postos de trabalho qualificados. Entre os principais “drivers” para a colaboração Startups – Industria temos os seguintes:
As Startups têm uma estrutura mais leve, focada na busca de soluções e modelos de negócios mais eficientes, com resultados validados em prazos curtos. A Indústria abre as portas de um mercado para as Startups. Um mercado que precisa de soluções, inovação e agilidade.
Contudo, esta relação não é uma relação de Cliente e Fornecedor ou dominante do lado das grandes empresas, para funcionar deve estar baseada na colaboração, participação conjunta em projectos e aprendizado mútuo.
O match Startups – Industria promove a Inovação Aberta como uma nova forma de fazer negócios, onde as Empresas, Startups, Empreendedores, Investidores, todos podem sair ganhando: novos empregos, produtos/serviços, desenvolvimento económico e bem-estar social
O principal motor para o sector tecnológico nos países em desenvolvimento
é o desejo de superar os desafios de desenvolvimento a nível local
Para fazer acontecer este “match”, países como Brasil, Africa do Sul , Israel e Rwanda, iniciaram pela aproximação entre os Ecossistemas; conhecer , estudar , mapear , identificar os players, os desafios, as necessidades e gaps. Desta forma é possível criar uma Platafoma comum de Inovação Aberta, como por exemplo “Startup Industria” no Brasil, “Centre for the Fourth Industrial Revolution - C4IR” na Africa do Sul, “Startup Nation” no Israel e o projecto “Innovation City” em Rwanda.
Do lado do sector publico, a responsabilidade é criar as condições para aproximar, vencer as resistências, acompanhar os programas e medir o impacto social dos projectos. No Brasil, quem cumpre esta função é a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Em Angola temos órgãos responsáveis pela execução das políticas do Executivo de apoio às PMEs e Empreendedorismo, no caso do INAPEM e dinamização da Inovação e desenvolvimento tecnológico da indústria no caso do INITI. Ambas instituições têm o potencial necessário para fazer o link entre os dois ecossistemas.
Apesar da necessidade de quebrar paradigmas acreditamos existir espaço e oportunidades de parcerias para aproximar as Startups e a Industria nacional, sustentado por investimentos na infraestrutura, adaptação dos currículos orientados para competências técnicas (STEM), upskill do capital humano e um Framework de Empreendedorismo e Inovação Tecnológica, virado para o futuro e sistemas de apoio ao empresariado.
Haymee Cogle
Setembro / 2020
BIBLIOGARFÍA
- Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
- Programa Nacional Conexão Startup Indústria
- Centre for the Fourth Industrial Revolution – Suth Africa
- Instituto de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas
- Instituto Nacional de Inovação e Tecnologias Industriais